Crise nutricional: mais de 39 bilhões de refeições escolares perdidas desde o começo da pandemia

Mais de 39 bilhões de refeições servidas nas escolas foram perdidas globalmente desde o começo da pandemia COVID-19 devido à suspensão das aulas, de acordo com o novo relatório publicado na quinta-feira (28) pelo escritório de pesquisas do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) – Innocenti e o Programa Mundial de Alimentos (WFP)

O relatório COVID-19: Missing More Than a Classroom (COVID-19: Falta além da Sala de Aula, em tradução livre) destaca que 370 milhões de crianças ao redor do mundo – muitas que dependem da alimentação escolar como principal fonte de sua nutrição diária – perderam em média 40% das refeições escolares desde quando as restrições da COVID-19 fecharam as salas de aula.

As estimativas mais recentes mostram que 24 milhões de estudantes correm o risco de abandonarem a escola devido à pandemia, revertendo progressos em matrículas escolares alcançados nas últimas décadas. Programas de alimentação escolar podem oferecer incentivos para as crianças mais vulneráveis retornarem à escola.

Com isso em mente, governos e diretores de escolas estão trabalhando para criar e implementar novas diretrizes de execução de programas de alimentação escolar observando as restrições da pandemia. O Brasil, por exemplo, lançou recentemente um Guia de Seguranc?a Alimentar e Nutricional para Retorno às Aulas, destinado aos gestores locais. O Guia pode ser acessado aqui.

“A perda das refeições escolares está prejudicando o futuro de milhões das crianças mais pobres no mundo. Arriscamos perder uma geração inteira. Devemos apoiar os governos para que reabram as escolas de maneira segura e comecem a alimentar essas crianças novamente. Para muitas, a refeição nutritiva que recebem na escola é a única que terão no dia”, disse o diretor-executivo do WFP, David Beasley.

Durante a pandemia, houve uma redução geral de 30% da cobertura de serviços nutricionais essenciais como alimentação escolar, suplementação de micronutrientes e programas de promoção nutricional em países de baixa e média renda, assim como programas para o tratamento de má-nutrição severa em crianças. Durante fechamentos nacionais em alguns países, todos os programas de alimentação escolar foram cancelados.

A alimentação escolar é não apenas vital para garantir a nutrição, crescimento e desenvolvimento das crianças, como também oferece um forte incentivo para que as crianças – especialmente meninas e aquelas que vêm de comunidades mais pobres e marginalizadas – retornem à escola quando as restrições forem suspensas. Quanto mais tempo as crianças passam fora da escola, maior é o risco de abandonarem a educação inteiramente. Meninas enfrentam o risco adicional de sexo transacional forçado e casamento infantil.

“Apesar das evidências claras de que as escolas não são os principais responsáveis pelas infecções pela COVID-19, milhões de crianças enfrentam o fechamento de escolas em todo o mundo”, disse a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta Fore.

O WFP apoia governos a adaptarem seus programas de alimentação escolar durante o fechamento das escolas. O relatório observa que mais de 70 países entregaram cestas de alimentos, transferências em espécie ou vouchers, oferecendo uma solução temporária valiosa para milhões de crianças. Nos primeiros 9 meses de 2020, mais de 13 milhões de estudantes receberam apoio escolar do WFP, em comparação a 17,3 milhões no ano anterior.

Desde o começo da pandemia, o UNICEF apoiou governos nacionais na manutenção da continuidade de serviços nutricionais para crianças e adolescentes em idade escolar. Em 2020, quase 25 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar foram beneficiados com programas de prevenção da anemia. Adaptados ao contexto, a maioria desses programas combinou educação e aconselhamento nutricional, suplementação de ferro e outros micronutrientes essenciais e profilaxia de vermifugação.

Da ONU Brasil (29/01/21)