IBGE e FAO discutem comparabilidade de indicadores de insegurança alimentar
Técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) se reuniram com pesquisadores de outras instituições, nesta semana (16), no Rio de Janeiro (RJ), para discutir a compatibilidade entre escalas de insegurança alimentar. O debate é fundamental para entendimento e acompanhamento do indicador 2.1.2 do ODS 2, que trata da erradicação da fome no mundo até 2030.
Nesse encontro, os técnicos concordaram sobre a necessidade de avançar nos estudos de comparabilidade entre os resultados obtidos com a metodologia da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), aplicada na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), e a metodologia da Escala de Experiência de Insegurança Alimentar (Fies), proposta pela FAO.
“Combinamos essa reunião para entendermos melhor como as metodologias da Ebia e da Fies podem ser compatibilizadas, bem como os impactos das diferenças conceituais. Quando os dados da POF 2017-2018 estiverem disponíveis, a FAO vai aplicar sua metodologia para permitir a comparação entre os países”, explicou o gerente da POF, André Martins.
Além do relatório global sobre insegurança alimentar, os resultados da Fies também são utilizados pela FAO no acompanhamento do ODS 2, sobre fome e agricultura sustentável.
“Estamos esperando os novos dados da Ebia serem divulgados na POF, para que a situação do Brasil sobre segurança alimentar seja plenamente consistente com o que fazemos nos outros países”, disse o estatístico sênior da FAO, Carlo Cafiero.
Escala de insegurança alimentar estará na Pesquisa de Orçamentos Familiares
A Ebia foi inserida nos questionários das edições 2004, 2009 e 2013 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mas passou a integrar agora o questionário da POF de avaliação das condições de vida. A escala brasileira classifica o nível de insegurança alimentar da população entre leve, moderada e grave.
Essa mudança para a POF foi motivada pela presença de informações sobre consumo de alimentos nesta pesquisa, diferente da PNAD, que não tem esta finalidade. “Será possível não só entender pelo ponto de vista socioeconômico a situação de vulnerabilidade, mas também as consequências da insegurança no padrão alimentar das famílias”, avaliou a pesquisadora da FioCruz e ex-professora da Unicamp, Ana Maria Segall.
Apesar desse ganho, Cafiero defende que as pesquisas sobre hábitos alimentares sejam feitas todos os anos. “A situação de insegurança alimentar pode mudar rapidamente, dependendo da conjuntura econômica, das variações nos preços dos alimentos. Se você quiser fazer algo em termos de política, você precisa reagir rápido, em vez de esperar cinco anos para saber qual é a situação”, concluiu.