Jovens cariocas antecipam debate da Cúpula do Futuro

O Cônsul-Geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Jan Freigang, abriu o evento destacando o papel da Alemanha na preparação à Cúpula do Futuro. A Alemanha, juntamente com a Namíbia, liderou o processo de negociação do "Pacto para o Futuro", que deve ser adotado pelos Estados-membro ao final da Cúpula.  

“Quanto à Alemanha, não queremos ser uma potência do 'status quo'. Queremos desenvolver ainda mais a ordem internacional – ouvindo atentamente as preocupações dos nossos parceiros, como o Brasil, país com o qual compartilhamos, junto com o Japão e a Índia, uma visão de reforma do Conselho de Segurança para torná-lo mais representativo, inclusivo, transparente e eficiente.”

O diretor interino do UNIC Rio, Diêgo Lôbo, destacou o papel da Cúpula do Futuro na busca de acordos pela renovação do sistema multilateral de cooperação. 

“Apesar dos enormes avanços, temos enfrentado grandes dificuldades. As divisões políticas, os conflitos, e em grande parte também, porque as estruturas internacionais responsáveis por entregar esses objetivos, tudo isso foi criado no século passado. Elas foram criadas em um outro momento histórico, e não têm hoje se mostrado efetivas para enfrentar os desafios atuais.”

Ele mencionou que a Cúpula do Futuro representa uma oportunidade para discutir novas governanças e acelerar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 

Qual o papel da juventude para o futuro?

O debate principal do evento foi dividido em três eixos e feito a partir das perspectivas e experiências de três jovens, e contou com moderação de Marcele Oliveira, do PerifaLab. 

A estudante de Ciências Sociais da UFRJ, Ana Clara Reis, representando o Solar Meninos de Luz, trouxe uma reflexão sobre os desafios e oportunidades no acesso à educação, especialmente em regiões periféricas. 

“Estudar é uma chave para transformar a vida, mas o suporte emocional e uma educação inclusiva são essenciais para impulsionar novas oportunidades para a juventude”.

A segunda painelista, Ranna Cortes, de apenas 15 anos, do Instituto Bola Pra Frente, falou sobre a relação entre o empoderamento feminino e a inclusão no esporte. “O esporte, especialmente nas Olimpíadas, tem dado maior visibilidade às mulheres, e estes momentos de destaque podem inspirar futuras gerações. No entanto, a desigualdade de gênero ainda persiste, e o empoderamento deve ser uma pauta mais presente na sociedade, tanto em espaços educacionais quanto comunitários”.

Já a bióloga Thaynara Fernandes, que é Jovem Negociadora pelo Clima pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro e co-fundadora do Coletivo Simbiose, destacou o engajamento da juventude, especialmente das comunidades periféricas, que sofrem desproporcionalmente com os impactos climáticos. 

“Ao focar em meio ambiente em minha graduação, eu me perguntava: eu estou estudando para quê? Onde que eu vou impactar com esses meus estudos? Eu tentava explicar para os meus pais ou para os meus vizinhos que são de favela, que é onde eu moro, sobre a importância do que eu fazia, mas eu via que as pessoas não entendiam muito bem. Mas quem não teve sua casa ou cheia de goteira ou que enchia durante as chuvas? Então a gente sabe falar sobre clima. Mas a gente precisa saber quais são os espaços de tomada de decisão que a gente tem que estar”, concluiu. 

O evento também celebrou a cultura e a expressão artística, com a participação do Slam das Minas com performances que abordaram questões de ancestralidade, identidade e resistência.

A Cúpula do Futuro

A proposta de realização de uma Cúpula do Futuro teve origem no relatório “A Nossa Agenda Comum”, uma resposta do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a um pedido dos Estados-membros por ideias sobre a melhor forma de responder aos desafios atuais e futuros.

A Cúpula do Futuro reunirá líderes dos 193 Estados-membros da ONU para estabelecer um novo consenso internacional sobre a forma de melhorar o presente e de salvaguardar o futuro da humanidade na Terra.

O objetivo é resgatar a confiança e a solidariedade em todos os níveis - entre países, pessoas e gerações, e demonstrar que a cooperação internacional e o multilateralismo são as melhores ferramentas para enfrentar os múltiplos desafios da atualidade. 

Ao final da Cúpula, espera-se que as lideranças políticas adotem o ambicioso Pacto para o Futuro.

Da ONU Brasil (09/09/2024)